Escolas de Joinville correm o risco de permanecer fechadas com o início do ano letivo. Problemas relacionados à estrutura levaram três escolas a serem interditadas no fim de 2009. Outras três estão ameaçadas de interdição. A União Joinvilense de Estudantes Secundaristas (Ujes) lança, no início do ano letivo, a campanha “Contra a destruição das escolas públicas”.

Os estabelecimentos de ensino interditados são a Escola de Educação Básica Dr. Tufi Dippe, no Iririú; Escola de Educação Básica Osvaldo Aranha, no Glória e o CAIC Francisco José de Oliveira, no Espinheiros. A única com previsão de reforma é o CAIC.

As ameaçadas de interdição são a Escola de Educação Básica Paulo Medeiros, no Adhemar Garcia; a Escola Municipal Castelo Branco, no Boa Vista e a Escola de Educação Básica Senador Rodrigo Lobo, no Jardim Sofia. A previsão para a resolução dos problemas nas duas primeiras é até o fim do ano. Para a escola Senador Rodrigo Lobo não há previsão.

Contra a destruição das escolas públicas

De acordo com o presidente da Ujes, Maico da Silva, outros colégios possuem problemas semelhantes. Para ele, a interdição é provocada pelo descaso do poder público. “As interdições evidenciam a enfermidade das escolas da cidade”, explica.

O membro do grêmio da escola de Educação Básica Dr. Tufi Dippe, Iago Paqui, afirma que a situação é muito pior do que se apresenta: “os prédios estão caindo, faltam professores, e a maioria das escolas não tem bibliotecas”.

A campanha “Contra a destruição das escolas públicas”, busca unir alunos e comunidade para exigir do governo melhor infra-estrutura do ensino. “Pretendemos reunir todos que estiverem dispostos a lutar pela melhoria da qualidade da educação”, afirma a secretária Ujes, Mayara Colzani.

João Diego


FONTE: http://minhacriticadacritica.blogspot.com/2010/01/escolas-interditadas.html


A noite de ontem [12/01/2010] foi a coisa mais extraordinária de minha vida. Deitado do lado de fora da casa onde estamos hospedados, ao som das cantorias religiosas que tomaram lugar nas ruas ao redor e banhado por um estrelado e maravilhoso céu caribenho, imagens iam e vinham. No entanto, não escrevo este pequeno texto para alimentar a avidez sádica de um mundo já farto de imagens de sofrimento.

O que presenciamos ontem no Haiti foi muito mais do que um forte terremoto. Foi a destruição do centro de um país sempre renegado pelo mundo. Foi o resultado de intervenções, massacres e ocupações que sempre tentaram calar a primeira república negra do mundo. Os haitianos pagam diariamente por esta ousadia.

O que o Brasil e a ONU fizeram em seis anos de ocupação no Haiti? As casas feitas de areia, a falta de hospitais, a falta de escolas, o lixo. Alguns desses problemas foram resolvidos com a presença de milhares de militares de todo mundo?

A ONU gasta meio bilhão de dólares por ano para fazer do Haiti um teste de guerra. Ontem pela manhã estivemos no BRABATT, o principal Batalhão Brasileiro da Minustah. Quando questionado sobre o interesse militar brasileiro na ocupação haitiana, Coronel Bernardes não titubeou: o Haiti, sem dúvida, serve de laboratório (exatamente, laboratório) para os militares brasileiros conterem as rebeliões nas favelas cariocas. Infelizmente isto é o melhor que podemos fazer a este país.

Hoje, dia 13 de janeiro, o povo haitiano está se perguntando mais do que nunca: onde está a Minustah quando precisamos dela?

Posso responder a esta pergunta: a Minustah está removendo os escombros dos hotéis de luxo onde se hospedavam ricos hóspedes estrangeiros.

Longe de mim ser contra qualquer medida nesse sentido, mesmo porque, por sermos estrangeiros e brancos, também poderíamos necessitar de qualquer apoio que pudesse vir da Minustah.

A realidade, no entanto, já nos mostra o desfecho dessa tragédia – o povo haitiano será o último a ser atendido, e se possível. O que vimos pela cidade hoje e o que ouvimos dos haitianos é: estamos abandonados.

A polícia haitiana, frágil e pequena, já está cumprindo muito bem seu papel – resguardar supermercados destruídos de uma população pobre e faminta. Como de praxe, colocando a propriedade na frente da humanidade.

Me incomoda a ânsia por tragédias da mídia brasileira e internacional. Acho louvável a postura de nossa fotógrafa de não sair às ruas de Porto Príncipe para fotografar coisas destruídas e pessoas mortas. Acredito que nenhum de nós gostaria de compartilhar, um pouco que seja, o que passamos ontem.

Infelizmente precisamos de mais uma calamidade para notarmos a existência do Haiti. Para nós, que estamos aqui, a ligação com esse povo e esse país será agora ainda mais difícil de ser quebrada.

Espero que todos os que estão acompanhando o desenrolar desta tragédia também se atentem, antes tarde do que nunca, para este pequeno povo nesta pequena metade de ilha que deu a luz a uma criatividade, uma vontade de viver e uma luta tão invejáveis.

Por Otávio Calegari Jorge