O vestibular da UFRGS pede como leitura obrigatória o disco "Panis Et Circenses". Na tentativa de acompanhar a novidade, nossa professora de português pediu uma pesquisa e um cartaz sobre o movimento.

Eu nunca havia ouvido sobre isso na minha vida até aquela aula, foi um sufoco achar informações sobre. Mesmo com a internet, as informações são todas bagunçadas. Além de não haver nada na biblioteca (aliás, na minha escola não tem biblioteca, tem uma sala de aula uma biblioteca improvisada), de ser impossível uma pesquisa naquela internet "veloz", de tudo ser com hora marcada, porque o que tem, só tem um; na hora da apresentação não havia um aparelho de som para colocar "pen-drive" que funcionasse, uma vergonha.

A pesquisa é uma necessidade do estudante, o conhecimento é uma necessidade do estudante. Mas nas nossas escolas públicas de Santa Catarina não. Como nossos estudantes vão para algum lugar sem o básico do básico para uma escola? Tenho certeza que seria possível termos uma escola decente, com uma biblioteca que fosse deslumbrante aos olhos do estudante, que tivesse desde o livro mais fantasioso ao mais teórico, que tivesse no mínimo a lista dos livros que fazem parte do currículo do ensino médio.

Deixo aqui meu apelo para todos os estudantes: vamos lutar por livros, por salas climatizadas, por uma escola onde não vá cair o teto em nossas cabeças, por dignidade, pelo nosso futuro. Como diz a música "Panis Et Circenses", não fiquemos na sala de jantar ocupados em nascer e morrer.


Henrique de Macedo
Diretor de auxilio estudantil


Texto publicado originalmente no blog da Juventude Marxista: 

Até o ex-comandante do BOPE do Rio de Janeiro criticou: “pode melhorar a curto prazo, mas não resolve nada” (O Globo, 6/4/14). Estaria o Comandante Paulo Storani criticando mais uma das medidas de segurança tomadas no Rio? Não, ele criticava o fato do governo do estado de Goiás ter decidido colocar 10 oficiais da PM para serem os diretores de 10 escolas!


Afinal, o que a PM tem que professores e funcionários não tem? A mesma matéria do Globo explica o que aconteceu:
Um grupo de adolescentes se perfila em formação militar, enquanto uma soldado armada os passa em revista. Nenhum deles masca chicletes. As garotas não usam batons ou esmaltes chamativos. Nas conversas não se toleram gírias. Todos são obrigados a cantar o Hino Nacional na chegada, a caminhar marchando e a bater continência diante do diretor. Não estamos num quartel, mas num dos dez colégios da rede estadual de Goiás cuja administração começou a ser transferida para a Polícia Militar desde janeiro, numa medida desenhada para amainar os repetidos casos de violência ocorridos numa região desassistida a apenas 40 quilômetros do Distrito Federal.[i]

O comandante precisa a crítica: “É a certificação do fracasso de um processo pedagógico no Brasil. É aquele pensamento: “ah, não temos como resolver o problema? Então chama a polícia”. Estão dando o gerenciamento da escola a um órgão que não tem essa função — raciocina. — A população tinha uma expectativa, é o desespero de querer qualquer coisa para melhorar uma situação

O chamado Entorno de Brasília – Aguas Lindas, Valparaiso, Novo Gama, Luziânia, Cidade Ocidental e outras é formado por cidades que antigamente eram simplesmente fazendas ou pequenas vilas perdidas no interior. Com a construção e o crescimento de Brasília, a especulação imobiliária levou muitas famílias de trabalhadores para fora do Distrito Federal em busca de locais mais baratos. E gerou um crescimento acelerado de uma região sem serviços públicos adequados, marcados pela miséria e criminalidade. 
O portal http://www.entornoonline.com.br/noticias/leiamais_antigas.asp dá uma amostra da situação: a maioria das notícias é sobre crimes, abandono das cidades, obras inacabadas, transportes precários e caros. O tráfico de drogas disseminou-se e em muitas cidades “manda” como manda nos morros do Rio ou nas favelas de São Paulo. Qual a solução? Melhorar o transporte? Melhorar as escolas? Pagar bem professores, trabalhadores, asfaltar?

É evidente que estas seriam soluções que poderiam beneficiar os moradores, a maioria trabalhadores do Distrito Federal. Ao invés disso, temos a militarização das escolas como “solução das soluções” mais barata.

E, inclusive para mostrar que é “mais barata” as Associações de Pais e Mestres das escolas públicas cobram uma taxa “voluntária” que varia de 40 a 70 reais por mês. O Comandante de “Ensino” da PM, Coronel Julio Cesar Mota, explica candidamente que como os pais percebem que o ensino “melhorou” a taxa de adesão chega a 100%! Uma boa adesão, certamente, igual aos votos nas ditaduras onde 100% votam nos candidatos indicados. E, claro, o código disciplinar das novas escolas proíbe que se critique a PM!

Existe solução para a criminalidade e o tráfico que não passe pela “militarização” das escolas? Claro que sim. Começando com estatização dos transportes, investimentos em infraestruturas, com bibliotecas, laboratórios, parques, quadras de esporte e profissionais gabaritados e bem pagos para tocar tudo isso.

Asfaltamento, água para todos, esgoto, coleta de lixo, etc. Falta tudo isso, mas temos PM nas escolas. Isso sem falar na política de “guerras as drogas” que trata os usuários como traficantes e livra a cara dos traficantes reais (é só lembrar o episódio do helicóptero cheio de cocaína que pousa na fazenda de um senador da república em Minas Gerais). Os únicos que podem verdadeiramente combater o tráfico de drogas são os trabalhadores e sua organização livre que possa se organizar em milícias populares e expulsar os traficantes dos bairros como estão fazendo muitas cidades no México.

A “experiência” de Goiás precisa ser combatida urgentemente. O silencio dos sindicatos de professores, da CNTE, da CUT e demais entidades sindicais é preocupante. O silencio da UNE, UBES e demais entidades sindicais é preocupante. A Esquerda Marxista se posiciona contra esta ocupação e mantem a luta por educação, saúde e transportes públicos e gratuitos.

Riobaldo Tartarana

Visite o blog da Juventude Marxista: http://www.juventudemarxista.com