Na última sexta-feira uma manifestação de estudantes e professores sacudiu a Escola Estadual Vieira de Moraes, na Cidade Dutra, extremo sul de São Paulo. Em todos os períodos foi declarada greve que, segundo os estudantes, foi amplamente apoiada, não tendo havido aula em nenhum dos turnos. Sindicalistas e um carro de som da APEOESP apoiavam o ato, que pediu a saída da diretora da unidade, Elaine Feitosa, por atos de arbitrariedade, tanto contra alunos como contra professores, malversação de verba pública, humilhações públicas contra professores, desrespeito à livre escolha dos professores nas atribuições da aula, proibição da abertura de grêmio estudantil na unidade de ensino, bem como pela precarização na administração, que tem cooperado para uma queda na qualidade do ensino na escola, para não dizer sucateamento, considerada uma das melhores da região. Esta última já tão característica dos governos neoliberais do PSDB, assim como o nivelamento por baixo do ensino público, estampado na criação das famigeradas cartilhas, que os alunos e professores também repudiam. À noite, o ato pacífico contava com cerca de 300 pessoas e teve a participação, inclusive, de pais de alunos insatisfeitos também com a situação atual. Os participantes pediam a presença de Feitosa, que, segundo os alunos, tratou de taxar os manifestantes de baderneiros e reduzir sua causa “ao direito de chegar atrasado”, por conta da reclamação de professores que foram dispensados do dia de aula “por chegarem dois minutos atrasados”. Foram realizadas diversas falas evidenciando as exigências de alunos, pais e professores, e também o enterro simbólico da administração Feitosa. Cabe ressaltar que, apesar do ímpeto de promover a greve, não havia piquete nos portões da escola, sendo a adesão dos estudantes ao ato, espontânea. No entanto, o ato deste dia 13 de novembro não é o primeiro. Por inúmeras vezes alunos e professores tentaram dialogar sem sucesso com a direção, que se valeu da burocracia para emperrar os processos. Em carta aberta o professor Luciano Paz de Lira cita diversas situações e tentativas de diálogo sem sucesso, passadas desde o começo do ano letivo, reiterando-a depois em carta à direção, datada de 2 de setembro de 2009. Alunos e professores criaram um blog sobre a escola, onde relatam a situação, as experiências, os atos, publicam cartas, manifestos e realizam discussões on-line. Uma primeira manifestação foi realizada em 10 de março, segundo os estudantes, por conta da direção se negar a dar assistência a uma aluna que se sentia mal. A diretora não só negou a assistência como chamou a polícia para conter as manifestações. Após as ações, vários alunos foram ameaçados de transferência e expulsão, e foi pensada a organização estudantil através de um grêmio, que também foi impedido pela direção, sob a alegação de que “só maiores de idade podem realizar a organização através de associações”, ou seja, alunos de ensino médio não teriam direito de organizar um grêmio. Após as atividades, que terminaram por volta de 20h30, alunos e professores prometeram manter-se mobilizados e em luta, na busca de uma alternativa que garanta os direitos e dignidade de alunos e professores, bem como a recuperação qualitativa do ensino na Escola Estadual Vieira de Morais.Alunos e professores prometem manter-se mobilizados na busca de uma alternativa que garanta os direitos e dignidade de alunos e professores, bem como a recuperação qualitativa do ensino.Por Rodrigo Andrade
Fábio Ramirez A direita não perde tempo: utiliza-se de todos os mecanismos para impedir que os trabalhadores e a juventude lutem por melhor qualidade de vida, por mais educação, saúde e trabalho. O governador do Estado de São Paulo, José Serra (PSDB), nobre representante dessa linhagem, cumpre a regra e ataca a educação pública e gratuita bem como os jovens. Leia Mais Clicando AQUI!
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O Secretário de Educação do Estado de SP, Paulo Renato, tucano da era FHC, tem orientado as diretorias e os coordenadores a impedirem a livre organização dos estudantes. Disfarçando-se atrás de uma fachada democrática, a Secretaria de Educação tem orientado aos diretores que eles mesmos, através da administração da escola, montem o grêmio estudantil, escolhendo os seus membros e o que eles podem ou não fazer, e desta forma impedir que o movimento estudantil se organize por si só.
O Grêmio formado pela direção da escola tem um claro objetivo: se tornar o braço da administração no meio dos estudantes.
CLEP-CEDEP A crise econômica empurrou ao desespero o governo de Calderón. As finanças do Estado estão sofrendo como nunca, refletindo-se nos maiores ajustes e cortes de gastos públicos, especialmente naqueles itens relacionados com as necessidades das famílias trabalhadoras da cidade e do campo. Esta política de ajuste e cortes provocou uma forte inquietude entre os estudantes, professores e trabalhadores da educação pública, pois vêem como suas condições de estudo e trabalho se deterioram dia a dia, fazendo que o fermento deste descontentamento seja cada vez mais evidente. Leia Mais Clicando AQUI!
Em particular nas universidades públicas existem níveis de tensão que põem na ordem do dia a enorme ocorrência de importantes manifestações de repúdio contra as políticas de Calderón e das autoridades universitárias, motivando essas últimas a impulsionar medidas reacionárias, que tratam de impedir a todo custo que o descontentamento se transforme em lutas abertas em defesa da educação pública e dos direitos trabalhistas. Agora pretendem transformar a perseguição e o assédio em uma constante contra todos aqueles que se atrevam a levantar a voz contra os ataques à educação.
No dia 24 de novembro, na escola Presidente Médici, foi realizado o 14° congresso da UJES.
A Ujes definiu sua concepção de grêmio como um sindicato. Isso significa que seus projetos são voltados à conscientização, organização e a mobilização. “Devemos mostrar a todo o estudante que a única saída é a organização e a luta”, afirma Johannes Halter. Para ele, não podemos pagar taxas, nem arrecadar dinheiro para escola, “isso significa deixar o governo agir livremente dando nosso dinheiro aos bancos”.
A União Joinvilense de estudantes secundaristas (UJES) é uma entidade fundada em 1964, para defender os interesses dos estudantes secundarista na luta pela educação pública e de qualidade. Logo após a sua fundação, a UJES foi impedida de funcionar, pois o golpe de 64 impedia todas as entidades estudantis de funcionar. Seus dirigentes foram perseguidos e sua sede tomada – Aqui registramos um crime nunca reparado, pois até hoje a UJES não recuperou sua sede. Em 1986, a UJES foi reconstruída, estudantes de várias escolas, como Tufi Dippe, Celso Ramos, Rui Barbosa, CIS, PresidenteMédici e Jorge Lacerda reorganizaram a UJES, convocando seu congresso de refundação. Em 1992, a UJES teve um papel fundamental na organização do Fora Collor, que teve a maior mobilização que nossa cidade já viu e foram os estudantes juntamente com a UJES, que foram os protagonistas desse evento histórico. Ainda, em 1992, a UJES levou uma campanha de construção de grêmios livres nas escolas. Com essa campanha foi construído grêmios em quase todas as escolas da cidade. Hoje a atual direção da UJES, tem compromisso de sua fundação. Também compreendemos que nossa luta não pode se limitar somente à educação de qualidade, pois ela em si, não resolveria todos os problemas. Por isso, temos convicção de que a UJES, deve junto aos movimentos sociais combater pela construção de uma sociedade socialista, na qual não somente a educação pública seria uma realidade, mas também a saúde, emprego etc. Declaração da Diretoria da UJES 2008
Fábio Ramirez No projeto apresentado pelo governo, o ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio) se tornaria o exame substituto ao vestibular em todas as universidades federais. Em vez dos alunos prestarem uma prova específica da instituição no qual almejam estudar, prestaria o ENEM.
Assim, o governo anuncia o fim das provas locais de seleção como sendo o fim do vestibular, mas “esquece” de avisar aos jovens que o funil continuará existindo porque não está se criando uma só nova vaga! “Esquece” de avisar aos jovens que a maioria esmagadora deles continuará fora da universidade.
O vestibular vai acabar?
Na prática o vestibular não irá acabar e em vez dos jovens serem barrados pelo dito vestibular, serão barrados agora pelo novo ENEM! Nada muda. Antes os cursinhos lucravam com a má qualidade do ensino fundamental e anunciavam na TV e no rádio orgulhosamente os primeiros colocados no vestibular, e agora anunciarão os primeiros colocados no ENEM. Trocaram-se os nomes dos bois, de vestibular para ENEM, mas o boi não deixou de ser boi.
Toda a falácia do governo tem um objetivo: tentar amenizar a constante e crescente pressão por mais vagas na educação pública superior. O aumento de vagas nas universidades públicas é praticamente insignificante frente à imensidão do número de jovens que não estuda porque não tem vaga. ->[leia mais]
O IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) anunciou que o governo gastou entre 2000 e 2007, cerca de R$ 1, 268 trilhão, em juros da dívida pública. Enquanto o investimento em educação e saúde, no mesmo período, foi de apenas 43,8%. Os gastos com a dívida pública chegam a 8,5 vezes mais, que o investido Isto mostra claramente que nós estudantes somos ignorados e tratados como “gastos improdutivos” pelo sistema capitalista, isto gera uma série de problemas que enfrentamos em nosso dia a dia, como, interdição nas escolas, falta de infra-estrutura para estudarmos, desvalorização de professores, falta de transporte para chegar à escola, e um futuro incerto, precarizando cada vez mais a educação de milhões de estudantes brasileiros. Todos estes fatos nos parecem bem atuais, mas são lutas históricas dos brasileiros, dos mais diversos cantos do país, que nos mais diversos momentos da história viram o sistema capitalista dando o dinheiro que poderia estar sendo aplicado para a educação pública indo para os banqueiros e grandes empresários, na ditadura podemos citar os bravos estudantes que mesmo sobre toda a repressão e censura do estado ditatorial que proibia a organização e mobilização dos estudantes eles sim se mobilizaram e organizaram a luta pelos seus direitos, direitos a livre expressão, livre organização, pela universalização do ensino entre tantas outras lutas pela educação e direitos, e graças a estes e outros tantos bravos brasileiros hoje temos direitos conquistados. Entretanto isto não quer dizer que eles não possam ser retirados de nós, a todo o momento são realizados atentados contra a educação pública e nossos direitos, já que ela não dá lucro aos cofres públicos, o mesmo sistema que retira os direitos da população, que priva o jovem do conhecimento, que nos períodos de crise explora ainda mais o trabalhador é o mesmo que alivia para os patrões e diz que ‘todos devem pagar pela crise’(crise que o próprio capitalismo criou e que nada tem a ver com os trabalhadores), mas nos momentos bons dos negócios não dividem os lucros com os trabalhadores. A única saída para lutar por direitos e fazer valer os conquistados a tanto suor e trabalho é nos organizarmos, o único modo de garantir nossos direitos e obter as necessidades da classe trabalhadora é estar organizados e mobilizados, os trabalhadores em seus sindicatos e os estudantes também, nos grêmios estudantis, que são também sindicatos dos estudantes, que organizam e mobilizam os jovens pelos nossos direitos, assim sendo, nos organizemos em nossos sindicatos, em nossos grêmios estudantis. Johannes Halter Membro do Grêmio Estudantil, Sindicato dos Estudantes
Hoje me dei conta de como é difícil lutar, mesmo que a luta fosse para o bem comum...
Há restos de idéias jogadas ao vento e catadas por alguns pensadores sobre uma possível revolução que iria nos livrar desse sistema opressor.
Eu estou no segundo ano do ensino médio e hoje (03/08) a aula de geografia foi sobre Capitalismo × Socialismo. Confesso que a maioria dos alunos não estava concentrado na aula, _ falar sobre as férias era mais interessante.
Houve dois meninos que se destacaram argumentando o assunto; um, pelo fato do sistema capitalista ser mantido há anos mesmo com as pessoas sabendo da desigualdade e do egoísmo que esse sistema alimenta no ser humano; e o outro, indignado com a falta de estrutura que o sistema sócio econômico nos apresenta e a injustiça que há na sociedade.
Pensei enquanto discutiam o assunto que a culpa sobre todos os males sofridos pelo povo só são contínuos porque o povo não se organiza para que isso acabe. Que, se toda a vez que houver os problemas sociais e as pessoas se omitirem e se acomodarem, vai ser ai que perderemos a dignidade e seremos dominados.
Eu compreendi a indignação do meu colega, é real a existência da exploração, da fome, da falta de estrutura na escola, e de muitos venderem seu trabalho e ganharem tão pouco.
Não consigo concordar com uma sociedade onde poucos tenham tanto e muitos terem tão pouco, alguns quase nada...
Torno a repetir a frase de Edmund Burke:
“Para que o mal triunfe, basta que os bons não façam nada.”
Espero que essa nova geração venha com sede de justiça, preparado para mudar e para fazer a diferença no mundo.
As novas idéias e talvez até a revolução vem por um indignado que convence mais um e mais um e mais um... Ganhando uma sociedade disposta a mudar seu sistema para melhor, mas ainda assim queremos todos, o bem de todos... Pelo amor a nação, a pátria,e a justiça....
Juliana Marimon Soveral – Presidente do Grêmio Estudantil J.R. e diretora de imprensa da União Joinvilense de Estudantes Secundaristas.
Segundo artigo de capa do jornal USA Today do dia 12/06, “mesmo com a taxa de desemprego nos EUA alcançando os patamares do pós-Guerra, os trabalhadores norte-americanos enfrentam as piores condições de vida desde a Grande Depressão” [década de 1930]. Texto retirado de Outros artigos deste autor
Com base em análises de dados sobre o desemprego, o jornal burguês relata que o corte nos salários, a redução das horas, férias coletivas e trabalhos de meia-jornada reconduziram os trabalhadores às condições e aos níveis de vida do período que se seguiu à crise de 1929.
Como o país capitalista mais rico do mundo, a catástrofe dos EUA revela qual o futuro que reserva para toda a humanidade este sistema baseado na propriedade privada dos meios de produção e na exploração da força de trabalho. Afinal, se a coisa tá feia lá, imagina como pode ficar aqui!
O presidente do Banco Mundial, Robert Zoellick, afirmou que, “embora existam sinais de que as contrações da crise tenham diminuído nos países saudáveis, a crise nos países em desenvolvimento se acelera”. E isso os assusta, pois sabem que o povo trabalhador não vai mais agüentar por muito tempo sem se revoltar.
Por isso continuam pipocando ocupações de fábrica e greves em diversos países – o que aumenta ainda mais a importância do 2º Encontro Latino-Americano das Fábricas Ocupadas que ocorreu em Caracas, na Venezuela, no fim de Junho. Por isso também é que no Peru o povo sai às ruas, apesar da repressão que massacrou os manifestantes a mando do Presidente Alan Garcia. Por isso a juventude já não aceita mais ficar parada e, por exemplo, na USP, quando a greve dos funcionários é reprimida violentamente pela Polícia Militar, um número ainda maior de estudantes e professores se solidariza e adere à greve.
As demissões seguem pelo Brasil afora e os trabalhadores continuam buscando resistir a todo custo, assim como os trabalhadores da fábrica ocupada Flaskô - que completou 6 anos de controle operário e luta pela estatização.
E Lula disse no Conselho de Direitos Humanos da ONU, em Genebra: “Espero que da crise surja uma nova ordem internacional que recompense a produção e não a especulação. (...) Esta nova ordem também deve respeitar as normas meio-ambientais viáveis e transformar o comércio internacional em um instrumento de desenvolvimento para uma distribuição mais justa da riqueza.” Reformismo puro!
Lula acha que é possível que os grandes capitalistas parem de especular, que os patrões fiquem mais bonzinhos? Qualquer trabalhador que passa 44 horas por semana, ou mais, dentro de uma fábrica, sendo esfolado pelo patrão, sabe que não adianta tentar convencer o patrão a parar de enriquecer e distribuir a riqueza para os trabalhadores. Os patrões vão continuar sugando o sangue e o suor dos trabalhadores até não poderem mais. O ex-metalúrgico Lula não sabe disso?
Ao invés de pedir aos patrões que fiquem bonzinhos, está na hora de agir contra eles. Antes que os efeitos da crise no Brasil se tornem piores do que nos EUA. Mas, se Lula desejasse agir contra os patrões ele sabe que teria que romper as alianças com os capitalistas e seus partidos burgueses. Romper a colaboração de classes com os capitalistas é a condição para começar a governar em defesa dos trabalhadores!
Apresidente da Chapa, Ana Luiza Hemb, 17 anos, declarou que o grêmio será contrário ao pagamento de matrículas e mensalidades, venda de rifas, bingos e qualquer medida que ajude o sistema capitalista a privatizar a educação. “Lutaremos por uma escola pública que seja financiada pelos nossos impostos”, falou. Para ela, os estudantes não podem deixar que o capitalismo lhes tire o direito à escola pública e de qualidade. “Os grêmios de Joinville não aceitarão nenhum ataque à escola pública, não permitiremos que nos tirem nenhum direito”, garantiu.
O descaso dos governantes para com a educação vem gerando uma enorme revolta entre os estudantes. Assim surge a oportunidade para criar um movimento de massas, que tenha como objetivo politizar e organizar a juventude. Só estudantes conscientes e organizados podem entender a importância de lutar por seus direitos e pelo socialismo. Cabe aos grêmios e às organizações estudantis cumprir esse papel, dar uma orientação revolucionaria e de esquerda a esses estudantes. Do contrário, acabarão sendo coniventes com a vontade da burguesia, que é de tudo “comercializar’’, até o conhecimento.
A educação pública passa por sérios problemas em todo o mundo. A falta de investimentos na educação por parte dos governos tem gerado escolas desestruturadas e professores mal remunerados, o ambiente escolar se tornou um lugar inapropriado para o estudo e em alguns casos os alunos têm dificuldades para chegar a escola. Esses problemas podem ser notados principalmente em países capitalistas subdesenvolvidos como o Brasil, o descaso com a educação pública gera na maior parte desses países, graves problemas sociais. No Brasil, um dos maiores problemas no momento é o transporte público, pois poucas cidades fornecem passe-livre aos estudantes, assim os filhos de trabalhadores, pessoas humildes que só sonham com um futuro melhor para os seus filhos são obrigados desembolsar uma grande parte do seu parco salário para pagar o lucro das empresas de ônibus. Nessas condições não estaria sendo negado aos estudantes mais pobres o livre acesso a educação? Para garantir que os estudantes tenham o livre acesso a educação, primeiramente, os alunos devem chegar ao colégio, sem passe livre como um filho de um trabalhador que mora distante da escola poderá estudar? Além do problema do transporte, ainda há a má remuneração e más condições de trabalho a que os profissionais do ensino são submetidos, esses trabalhadores são obrigados a ceder a maior parte de seu tempo que poderia estar sendo dedicado ao lazer, ao descanso, e a claro, preparar as aulas, para dar aula em três turnos em ambientes sem qualquer estrutura para o estudo, e no final do mês não receberem se quer, o piso salarial estabelecido por lei. A falta de estrutura no ensino público tem muitas causas, mas tem um principal culpado e esse é o interesse privado, pois o capitalismo é um sistema que preza o lucro, e a escola pública não gera lucro. Diante desses problemas, os estudantes têm uma arma para lutar por uma escola pública de qualidade, pelos direitos dos estudantes e contra o capitalismo. E essa arma são os grêmios estudantis livres! O grêmio estudantil é o sindicato dos estudantes, é a entidade que organiza os alunos na luta pelos seus direitos, só com grêmios livres é que os estudantes poderão reivindicar os seus direitos, só organizados numa entidade combativa e de oposição ao sistema capitalista é que poderão lutar. Os grêmios estudantis da E. E. B. Presidente Médici e de outras escolas de Joinville, SC com militantes da Juventude Revolução se tornaram verdadeiros grêmios de luta, pois são grêmios de oposição ao capitalismo, grêmios que lutam pelo passe – livre, pela escola pública de qualidade, pelo fim do vestibular e vagas para todos nas universidades públicas, grêmios de luta e socialista! Nos países capitalistas, provavelmente as escolas não alcançaram um padrão de qualidade para todos, pois enquanto houver o interesse privado, a classe trabalhadora sofrera as conseqüências de um sistema econômico falido. Organizar-se é a melhor forma de vencer esse sistema e lutar pelos nossos direitos, os estudantes têm que estar organizado e lutar, se não, tudo continuará a ser o mesmo, e para os trabalhadores só restará o nada e a miséria. Iago S. S. Paqui
Membro do Grêmio Estudantil Presidente Médici Membro da Diretoria da UJES
Um Sindicato de Estudantes, Um Grêmio Estudantil
Grêmios estudantis organizam-se como sindicatos de estudantes
“Quem organiza essa manifestação é o sindicato dos estudantes: o grêmio estudantil do Médici.”, Foram às palavras de Johannes Halter, 17 anos, presidente do Grêmio estudantil do colégio Presidente Médici, ao iniciar a paralisação de sua escola. Suas palavras expressam o que pretende o grêmio estudantil, no qual participa. Como verdadeiros sindicalistas, fazem piquete na porta da escola, organizam formação com os estudantes e tem como objetivo principal desenvolver a “consciência de classe” dos estudantes.
Como diz Iago Paqui, vice-presidente do Grêmio Estudantil Presidente Médici: “precisamos mostrar para cada estudante, que a maioria que estuda em escola pública é filho de trabalhador. Operários. Que o capitalismo lhe tira o direito a uma vida digna e a um futuro. Não lhe concedendo o direito a educação e ao lazer.” Para eles esse é o papel do grêmio estudantil. Organizar a luta dos estudantes por suas reivindicações seja pela: escola pública, pelo passe-livre e pelo socialismo.
O capitalismo esgotou todas as possibilidades de um futuro para a juventude. E o socialismo é: a sociedade, em que os meios de produção- fábricas e terras- estarão a serviço de todos, não de uma minoria que suga o sangue dos trabalhadores para sustentar seus privilégios – explica Halter.
No dia 15, 18 e 19 de maio o grêmio estudantil do Médici, João Rocha, Paulo Medeiros, Tufy Dippe estiveram sempre presentes nas manifestações contra o atentado aos estudantes e trabalhadores, com o aumento absurdo da tarifa de transporte coletivo de Joinville, que atende somente ao lucro dos grandes empresarios.
O que é um Grêmio Estudantil?
O Grêmio Estudantil é um sindicato dos estudantes, ele organiza os estudantes e conscientiza-os a defender seus direitos e interesses.
Direitos como a educação pública de qualidade, o passe-livre, atuando nele, você conscientiza-se da luta de classes, e aprende ética, cidadania e seus direitos na prática.
Quem Faz Parte do Grêmio Estudantil?
Fazem parte do grêmio estudantil todos os estudantes matriculados na instituição de ensino, todos os estudantes tem a oportunidade e o direito de militar dentro de seu sindicato, de seu Grêmio Estudantil.
Podemos nos Organizar em um Grêmio, um Sindicato?
A organização do Grêmio Estudantil é assegurada pela Lei Federal 7.398, de 04/11/85, por isso ninguém pode impedir que os alunos fundem e mantenham o Grêmio de sua escola. Além do Estatudo da Criança e do Adolecente que garante a livre organização e expressão.
Então nós podemos e devemos militar, ou seja, participar e nos organizar dentro de Grêmios Estudantis, a fim de organizarmos sindicatos estudantis de Luta, que organizem os estudantes à luta por seus direitos, e que defendam os mesmos.
O que busca um Grêmio de Luta, Um Sindicato de Luta?
Conscientizar, mobilizar e politizar todos os estudantes para a defesa de seus direitos, para a consciência de classes, para a organização em sindicatos de todos os estudantes. Lutar pela escola pública de qualidade, pelo transporte aos estudantes tão explorados pelo capitalismo, pelo presente do estudante e o futuro de cada cidadão, cada ser humano, do Brasil e do mundo.
Fazer com que todos militem em um sindicato, que sejam cidadãos honrosos, dignos e aptos a fazer a discussão da defesa dos estudantes, seus pais, dos professores, o debate pelo fim da exploração, pelo fim do capitalismo, por uma sociedade onde não o 'meu' mas sim o 'nosso' predomine.
Sociedade essa que será alcançada por todos os trabalhadores e estudantes, do Brasil e do Mundo, através da organização, mobilização e politização da classe trabalhadora, os estudantes e os trabalhadores, a militância. Para um Sindicato de Luta.
Participe do seu Grêmio Estudantil,
O Seu Sindicato de Luta.
“A Emancipação dos Trabalhadores será Obra dos Próprios Trabalhadores” Karl Marx
Todos nós estamos muitos indignados! A GERED já foi comunicada de mandar um engenheiro á escola para depois tomar providências de conserto. Porém estamos esperando há aproximadamente três meses esse conserto. Ficaram de amanhã dia 24/06 mandarem uma resposta e nós estudantes esperamos realmente que tomem alguma providência.
Hoje aqui falo como estudante, pois muitos vieram me procurar para falar do assunto e se preciso for nós estudantes iremos nos mobilizar para mostrar nossa indignação!"
Alan Woods Isto se deve à ausência de um partido revolucionário de massas capaz de dirigir as massas hoje. Porém as condições para construir esta força também estão maduras. Os trabalhadores e jovens do Irã buscarão as genuínas idéias do socialismo revolucionário, do marxismo. “Um milhão de pessoas marchou desde a Praça Engelob até a Praça Azadi, desde a Praça da Revolução até a Praça da Liberdade, diante dos olhos da brutal polícia anti-distúrbio de Teerã. A multidão cantava e gritava, ria e insultava seu ‘presidente’ chamando-o de poeira. Um estudante fazendo uma piada dizia: ‘Ahmadinejad nos chamou de poeira e nós lhe faremos uma tempestade de areia!’. Aqui vemos a verdadeira cara da revolução. As massas se encontram com a temida polícia anti-distúrbio e simplesmente a ignoraram. A polícia, encontrou-se a um massivo movimento, vacila e lhe dá passagem, “sorrindo timidamente” e dizendo que sim com a cabeça. Esse acontecimento é uma repetição quase exata do que Trotsky descreve em suaHistória da Revolução Russa: “Depois da reunião pela manhã, os trabalhadores da fábrica Erickson, uma das mais avançadas do bairro Viborg, dirigiram-se em massa com um contingente de 2500 homens pela Avenida Sampsonievski; em uma rua estreita tropeçaram com os cossacos. Os primeiros a se encontrarem com a multidão foram os oficiais que abriram caminho com o peito dos cavalos. Atrás deles vinham os cossacos galopando, ocupando toda a largura da avenida. Momento decisivo! Os cavaleiros deslizaram com cautela com uma ampla coluna pela brecha aberta pelos oficiais. Alguns – recorda Jakurov – sorriam, e um deles piscou maliciosamente o olho aos operários. Aquela guinada dos cossacos teria um motivo. Os operários receberam valentemente os cossacos, ainda que sem hostilidade aos mesmos, e lhes contagiaram um pouco com sua valentia. Apesar das novas tentativas dos oficiais, os cossacos, sem transgredirem abertamente a disciplina, não dissolveram pela força a multidão e desistindo de dispersar os operários, colocaram os cavaleiros ocupando toda a largura da rua para impedir que os manifestantes passassem para o centro da cidade. Contudo isso para nada serviu. Os cossacos montavam a guarda em seus postos em cumprimento da lei, mas não impediam que os operários se infiltrassem por entre os cavalos. A revolução não escolhe arbitrariamente seus caminhos. Dava seus primeiros passos até a vitória sob as barrigas dos cavalos dos cossacos. Interessante episódio!”. A valentia dos manifestantes iranianos foi mais impressionante porque muitos já haviam aprendido com os selvagens assassinatos de cinco iranianos no campus da Universidade de Teerã, fechado com a ponta das pistolas pelos milicianos Basiji. Fisk descreve a cena: “Quando cheguei aos portões do colégio ontem pela manhã, muitos estudantes estavam chorando detrás da cerca de ferro do campus, gritando ‘massacre’ e lançando trapos negros através das grades. Isso foi quando a polícia anti-distúrbios regressou voltando à carga uma vez mais no terreno da universidade.” E novamente Fisk: “Em algumas ocasiões, a marcha pela vitória de Mousavi ameaçou cair envolvida em meio de paredes de homens e mulheres que cantavam. Afundavam-se nas galerias de esgoto, tropeçavam em árvores quebradas e tentavam manter a passagem de seu veículo, enormes serpentinas de linho verde em cadeia na frente do veículo de seu líder político. Cantavam em uníssono, uma e outra vez, as mesmas palavras: ‘tanques, armas, Basiji, agora não têm mais efeito!’. Quando os helicópteros do governo sobrevoaram a região, estes milhares olhavam para cima e uivavam debaixo do estrondo das hélices: ‘Onde está meu voto?’ É fácil ouvir frases feitas nesses dias titânicos, mas este é um momento verdadeiramente histórico.” Aqueles cidadãos que não participavam na manifestação expressaram sua solidariedade desde as janelas, telhados, como descreve Fisk: “Um homem caiu na estrada, seu rosto estava coberto de sangue. Porém a grande massa de pessoas movia-se ondeando suas bandeiras verdes, gritando de satisfação junto aos milhares de iranianos que estavam nos telhados. À direita, todos viram a casa de um ancião que saiu na direção do pátio, envelhecido e puído, parecia que estava recordando o reino do detestado Xá, quem sabe inclusive de seu arrepiante pai, Reza Khan. Uma mulher que devia ter uns 90 anos ondeava uma toalhinha verde e inclusive um velhote surgiu de um estreito balcão para agitar ao ar sua muleta. Em baixo, os milhares gritavam de alegria diante desse velhote. Fisk assinalava que os manifestantes não só eram pessoas da classe média e estudantes: “Não eram jovens somente, haviam pessoas vestidas à moda, senhoras morenas do norte de Teerã. Ali estavam os pobres também, os trabalhadores vendedores de rua, mulheres de meia idade cobertas com seus xales. Uma porção de crianças em seus ombros e bebês de colo, falando-lhes de vez em quando, tentando explicar o significado destes acontecimentos a uma mente que não recordaria daqui a 20 anos onde estivera nesses dias de hoje”. As manifestações de massas eram uma réplica exata das então vividas na revolução de 1979 que foi posteriormente usurpada pelo aiatolá Khomenei e seu bando reacionário. O Xá possuía um aparato de Estado colossal, porém quando as massas se enfrentaram a ele, foi derrubado como um castelo de areia. Tal qual quando a odiada Basiji atacou os estudantes. Pela tarde, os próprios Basiji enfrentaram centenas de manifestantes no oeste da cidade. Depois se escutaram disparos nos subúrbios. Aqueles que chegaram tarde demais para abandonar Azadi, foram pegos pelos disparos dos Basiji. Ao final estavam mortas oito pessoas e mais um número desconhecido de feridos. “A comunidade empresarial do Irã, ontem, mostrava-se inequívoca em sua reação diante da reeleição de Mahmoud Adhmadinejad como presidente. A bolsa de Teerã caiu abruptamente, enquanto que os influentes ‘bazaaries’ (lojas dos comerciantes) ameaçavam fechar ontem como sinal de protesto”. O fato de que os bazares, que anteriormente eram seguidores sólidos do regime, agora ameaçam com a greve, é outra prova do alcance da revolução e que ela se estende constantemente. Certamente a ausência de uma direção séria significa que o resultado final retardará. O Jornal The Financial Times, que é o órgão mais astuto do capital internacional, escreve: “A onda de raiva poderia diminuir em breve, particularmente se a repressão se tornar mais brutal. Os analistas estão esperando ver se isso provoca campanhas de desobediência civil de segmentos da sociedade que haviam apoiado Mousavi, incluídos aí os empresários dos bazares do Irã que hoje ameaçam com a greve, dos sindicatos e estudantes, ou protestos dos clérigos que também haviam apoiado sua candidatura. ‘Haverá a partir de agora muitas explosões esporádicas sobre diferentes questões, enquanto a população seguir pensando que não há nenhuma saída pacífica para conseguir as mudanças’ segundo explica um analista”. “Mirhossein Mousavi estava entre eles, montado em um automóvel no meio do calor e da fumaça, sem rir, assombrado e inconsciente de que esta épica manifestação poderia florescer em meio ao desespero com derramamento de sangue pós-eleições no Irã. Pode ser que oficialmente tenha perdido as eleições de Sexta-Feira, porém ontem foi seu desfile eleitoral da vitória pelas ruas de sua capital. Terminou, inevitavelmente, em tiroteio e sangue”. O olho perspicaz de Fisk dá um retrato psicológico acertado e penetrante do líder reformista: “sem rir, assombrado e inconsciente” dos imensos poderes que tem reunido e que, como o aprendiz de bruxo, é incapaz de controlar. As vacilações de Mousavi foram destacadas na imprensa burguesa. O Jornal The Financial Times disse: “Tem aparecido dividido entre os pedidos de que continuem os protestos e os que os detenham para evitar a violência e as perdas de vidas como as presenciadas na noite passada. (...) Mousavi inicialmente desconvocou o protesto de Sexta-Feira pelo temor da violência, porém depois se uniu aos manifestantes nas ruas. O dilema ao qual está confrontado é que as manifestações marcam o maior protesto público desde a revolução islâmica de 1979.” Segundo seu porta-voz, Mousavi tem pedido aos seus apoiadores para que não participem das manifestações marcadas para hoje na capital. “Mousavi... pediu aos seus seguidores que não participem das manifestações de hoje para proteger suas vidas. A manifestação dos moderados foi cancelada”, segundo disse seu porta-voz. Porém no momento de escrever estas linhas a rádio informava que uma grande multidão estava de novo reunida nas ruas de Teerã. As notícias dizem que as manifestações ainda são maiores do que as de ontem! “A raiva e o ódio nos olhos de ambas as partes, independentemente do resultado, enfurecerá a alguns (...) A polícia tenta manter-se a mais civilizada possível, porém nem todos escutam os comandantes da polícia (...) Não é fácil pedir-lhes calma. O que sucederá quando se romper a cadeia de comando, quando ambas as partes passarem ao enfrentamento e não escutarem a seus comandantes? Esta é uma situação muito perigosa.” Sem dúvida, dado o nível de raiva popular, o efeito desta situação não será a que se pretendia. Um só enfrentamento sangrento e toda a situação explodirá. A idéia de uma greve geral está colocada. Um ato em grande escala de terrorismo de estado se encontrará com uma onda de greves e protestos que rapidamente poderiam transformar-se em uma insurreição tal como ocorreu em 1979. Mousavi está desesperado para evitar esta situação. Segundo ele: “Quando encontro alguém que gosta da polícia, eu recomendo evitar duras reações diante das ações motivadas por elas e que não permitam que a confiança da população nesse valioso órgão seja deteriorada”. “O Irã está maduro para a revolução. Ali encontramos todas as condições enumeradas por Lênin para a revolução: divisões nas cúpulas, fermento entre a classe média, uma poderosa classe operária com tradições revolucionárias, ondas importantes de greves, etc. O único fator ausente é o fator subjetivo, o partido revolucionário. O trabalho de nossos companheiros iranianos é de grande importância para a CMI. Devemos ajudar-lhes. Estas palavras foram totalmente verificadas pelos recentes acontecimentos. A revolução iraniana levou muito tempo para amadurecer, porém ressurgiu com muita força. As anteriores insurreições dos heróicos estudantes iranianos foram silenciadas pela sangrenta repressão e prisão de seus dirigentes. Porém, como prognosticamos na época, estes revezes seriam somente por certo tempo: “Devido à falta da direção, a repressão pode ter o efeito de adiar o movimento temporariamente, porém somente ao custo de provocar mais tarde explosões mais violentas e incontroláveis.” (Os primeiros disparos da revolução iraniana - 17 de Julho de 1999). Este prognóstico foi totalmente confirmado pelos acontecimentos. A luta continuará, com inevitáveis altas e baixas, até que chegue a um resultado decisivo. “Os trabalhadores e jovens do Irã têm demonstrado repetidamente um grande potencial revolucionário. O que faz falta é dar ao movimento uma forma organizada, um programa e perspectivas claras. Pelo caminho da colaboração de classes não há saída possível. A condição prévia para o êxito é o movimento independente da classe operária, junto com seus aliados naturais, e uma ruptura decisiva com a burguesia liberal. É necessário criar os comitês de ação para organizar e coordenar o movimento a nível local, regional e nacional. É necessário preparar-se para a autodefesa contra os bandos reacionários, enquanto se faz um chamado à base do exército para que passe para o lado da população. Não há muito o que acrescentar a isto. Não estamos discutindo perspectivas abstratas, mas fatos. O maravilhoso movimento dos trabalhadores e estudantes do Irã é a resposta final a todos os céticos e covardes que duvidam da capacidade da classe operária para mudar a sociedade. A revolução no Irã começou e está destinada a passar por toda uma série de etapas antes que finalmente empreenda seu rumo. Porém, ao final, estamos seguros de que triunfará. Quando chegar esse momento terá repercussões explosivas em todo o Oriente Médio, Ásia e restante do mundo.
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Ontem (15/06) escrevi que A Revolução Iraniana Começou. Em que sentido isso é verdade? Lênin explicava as condições para uma situação revolucionária: primeiro que a classe dominante deve estar dividida e incapaz de governar com os mesmos métodos que antes governava - esta condição está claramente presente no Irã. Em segundo lugar, a classe média deve estar vacilante entre a revolução e a contra-revolução - esse é o caso agora no Irã, onde setores decisivos da classe média têm se posicionado ao lado da revolução e estão se manifestando nas ruas. Em terceiro, os trabalhadores devem estar preparados para lutar - no Irã uma crescente onda de greves tem aumentado, inclusive antes das eleições.
Somente está ausente a última condição: a presença de um partido e direção revolucionários, como o Partido Bolchevique em 1917. A presença deste partido daria ao movimento de massas a direção e organização que necessita para o êxito. Significaria uma vitória rápida e relativamente pacífica. Na ausência de tal partido, a revolução se desenvolverá por todo um período mais prolongado, de meses, provavelmente anos, com altos e baixos.
Uma revolução não é o único ato de um drama. Em 1917 a revolução se desenvolveu durante um período de 9 meses. Durante este período houve momentos de tremendo impulso, como em Fevereiro, porém também houve períodos de cansaço, derrotas e inclusive reação, como no período que se seguiu às Jornadas de Julho. Desde Julho até final de Agosto houve um período de reação no qual os bolcheviques passaram para a clandestinidade, sua imprensa foi destruída, Trotsky estava na prisão e Lênin teve que fugir para a Finlândia.
A revolução espanhola, provavelmente o melhor indicador para entendermos o que ocorrerá no Irã, começou com a derrocada da monarquia (fruto das eleições municipais) em Abril de 1931. Isso abriu um período de revolução que perdurou por 7 anos, com altos e baixos, até a derrota dos trabalhadores nas Jornadas de Maio de 1937 em Barcelona. Nesse período de 7 anos tivemos o chamado Biênio Negro, que se seguiu à derrota da Comuna Asturiana de 1934 e durou até a eleição da Frente Popular em 1936.
Na ausência de um partido revolucionário de massas, a revolução iraniana, como a revolução espanhola, pode prolongar-se durante vários anos e se caracterizará por um caráter turbulento e convulsivo, com ascensão e queda de diferentes governos, líderes e partidos, antes de finalmente se colocar a questão do poder. Porém os acontecimentos que se desenvolverão diante de nossos olhos marcam uma mudança fundamental em toda a situação. O gênio saiu da garrafa onde estava fechado por 3 décadas. É impossível obrigar-lhe que entre de novo na prisão.
Muitos observadores têm expressado surpresa diante de um movimento que parece ter caído de um céu azul. Porém, na realidade esta explosão está há muito tempo se preparando. A fúria da população reflete todas as frustrações e raiva acumuladas durante as últimas 3 décadas. Também reflete a deterioração da situação econômica e a queda dos níveis de vida. A economia foi a questão central na campanha eleitoral e segue como ponto central das preocupações da maioria dos iranianos, depois de 4 anos de grandes aumentos da inflação e do desemprego.
Ainda que com Ahmadinejad os setores mais pobres da sociedade tenham se beneficiado com o dinheiro oriundo dos rendimentos com o petróleo do Irã, muitos outros se queixam de que com o aumento da liquidez os preços têm dobrado ou até triplicado. O parlamento bloqueou a redução de subsídios e isso alimentou a inflação que já está em aproximadamente 24%. Porém a crise econômica significa cortes e austeridade, Shamsoddin Hosseini, Ministro da Economia, disse ontem que a privatização das empresas estatais será o “alicerce” da próxima política econômica do Irã.
Isso explica em parte o caráter combativo do movimento de oposição furioso e decidido que encontrou um improvável símbolo em um homem de 68 anos de idade, Mir-Houssein Mousav, que anteriormente integrava o establishment iraniano e que segue integrando-o ainda hoje. Quando a população começa a perder o medo e está disposta a desafiar as armas da polícia em um país como o Irã, é o princípio do fim. Este maravilhoso movimento de massas é ainda mais incrível quando observa-se que está desorganizado e sem direção.
O heroísmo das massas
O fator decisivo tem sido a recente entrada em cena das massas. O tremendo heroísmo das massas pôde ser visto na manifestação de ontem, desafiando as advertências do regime que ameaçou responder com balas. Ao menos um milhão de manifestantes ignorou esta ameaça, as armas e o derramamento de sangue, para exigir liberdade no Irã. Ontem morreram oito pessoas, além de um número desconhecido que ficou ferido. Apesar disso o movimento continua sem diminuir.
Robert Fisk, um dos melhores jornalistas britânicos, presenciou o que qualifica como o dia do destino do Irã e enviou uma densa reportagem sobre o que ocorreu:
Desde a revolução Iraniana de 1979, as massas não tinham se reunido em tal número ou com tão envolvente popularidade nos bulevares desta tórrida e desesperada cidade. Davam investidas, empurravam e se amontoavam através das estreitas ruas até chegarem à avenida principal onde encontravam a polícia anti-distúrbios alinhada em cada lado com seus capacetes de aço e cassetetes. A população ignorou tudo. Os policiais superados numericamente por milhares de manifestantes, riam timidamente e para nosso assombro, diziam sim balançando a cabeça aos homens e mulheres que exigiam liberdade. Quem poderia crer que o governo havia proibido essa manifestação?”
Andando ao lado desta grande maré humana, parecia que se apossava de todos nós um estranho temor. Quem se atreve a atacar-nos agora? Que governo pode negar a um povo deste tamanho e determinação? Perguntas perigosas!”.
O regime vacila
Este esplêndido movimento das massas mudou tudo em 24 horas. A arrogância do poder lançada por Mahmoud Ahmadinejad no dia anterior evaporou-se. Em seu lugar há sinais de pânico no regime. No Sábado e Domingo houve repressão, violência e derramamento de sangue, porém na Segunda-Feira tudo mudou. As autoridades devem ter sentido que tudo o que conseguiram em 1979 lhes escapava das mãos. Assim se deu com o Xá quando foi derrubado há 30 anos, com manifestações de massas e a possibilidade da greve geral.
Agora temem que possam irromper enfrentamentos violentos e inclusive guerra civil, que não estão seguros de ganhar. Quando a classe dominante teme que possa perder tudo, sempre está disposta a fazer concessões, oferecer algo. Agora as autoridades oferecem a recontagem de votos, porém não aceita novas eleições. A decisão de recuo procede do líder supremo, o poder real no Estado, que inicialmente havia confirmado o resultado eleitoral.
O aiatolá Ali Khamenei concordou em investigar os resultados eleitorais, talvez para revisar uma ou duas seções eleitorais. Porém as concessões são poucas e chegam muito tarde. Não pacificarão os manifestantes, muito pelo contrário. Cada passo atrás do regime será visto como um sinal de debilidade e lhes empurrará mais à ação. Mousavi pediu a anulação das eleições, entretanto o regime só oferece uma recontagem parcial.
A seriedade da crise está afetando a economia. A burguesia iraniana está “votando com os pés”. Há pânico na comunidade empresarial devido ao resultado eleitoral, hoje o The Financial Times publicava:
Debilidade da direção
Esta perspectiva é similar à que coloquei em meu primeiro artigo. Inclusive as greves mais tormentosas e manifestações de rua não podem resolver a questão central: a questão do poder estatal. Não basta que alguns policiais sorriam aos manifestantes. A menos que a polícia e o exército passem para o lado da população, as armas da República Islâmica seguirão em mãos da administração de Ahmadinejad e seus protetores clericais. A questão da direção ainda é primordial.
Em 1999, o regime reprimiu uma onda de descontentamento estudantil em questão de dias, agora os manifestantes parecem mais fortes e determinados. As tentativas de repressão tiveram o efeito contrário do que se pretendia. Depois do ataque brutal dos bandos armados de Ahmadinejad existe um perigoso fermento na Universidade de Teerã. Alguns dizem que membros da milícia religiosa atacaram seus dormitórios. “Golpearam nossos amigos e levaram pelo menos 100 estudantes. Não temos notícias de seus paradeiros”, diziam que uns 120 professores universitários se demitiram em sinal de protesto.
Porém a valentia dos manifestantes não é uma característica dos dirigentes. Homens como Mirhossein Mousavi não são dirigentes, estão na cabeça das manifestações por um acidente histórico. Kerensky e o padre Gapon pertencem à mesma categoria filosófica. Estes indivíduos surgem rapidamente na superfície, impulsionados pela maré dos grandes acontecimentos históricos, conseguem uma fama emprestada em pouco tempo e depois desaparecem sem deixar rastro, varridos como a espuma em uma onda do mar, afundados por outras correntes mais poderosas. Primeiro-Ministro nos anos 80 havia desaparecido da opinião pública e dedicado seu tempo a seu passatempo favorito: a pintura abstrata. Agora a história parece que lhe colheu pelo pescoço e o empurrou para a primeira fila, de onde vê um espetáculo nada cômodo.
Apesar de seus ataques contra a política interior e exterior do regime, Mousavi nunca foi um oponente da República Islâmica. Na realidade se apresentou como candidato a presidente como um "principista" que busca o retorno aos verdadeiros valores e princípios da revolução islâmica de 1979. Porém sua mensagem havia coincidido com as reivindicações de mais liberdade democrática e uma gestão pragmática da economia.
Sua candidatura, além disso, foi quase acidental. Era reticente a se candidatar à presidência, porém isso lhe foi pedido uma e outra vez por, Mohammad Katamí, o anterior presidente reformista. Uma vez decidido, recebeu rapidamente o apoio de Akbar Hashemi Rafsanjani, uma figura política destacada do campo conservador que está à frente agora do Conselho de Conveniência, um organismo antigo que desenha a política macro, e da Assembléia de Sábios, que nomeia o próximo líder supremo.
Ainda que dele se esperasse que fosse um centrista, pouco a pouco a campanha de Mousavi adotou as mesmas bandeiras dos reformistas, inclusive com mais vigor. Reorientou suas mensagens durante os comícios eleitorais para apelar à classe média urbana educada, criticando o extremismo do presidente e ridicularizando sua política econômica populista.
Porém, enquanto jovens reformistas - muitos dos quais tomaram as ruas de Teerã novamente ontem em manifestações pacíficas que terminaram em violência - buscam através de Mousavi mudanças profundas, ele tem outras idéias. Fisk escreve o seguinte sobre a manifestação:
A possibilidade de um enfrentamento sangrento sempre está presente. Isto é o que comenta um jornalista:
Nós previmos isso
Os atuais protestos foram já prognosticados pelos marxistas. Há quase 10 anos dizíamos que as grandes manifestações estudantis eram “os primeiros disparos da revolução iraniana”. Poucas pessoas prestaram atenção nesse prognóstico. Porém o Irã continuou na primeira linha das perspectivas da CMI. No discurso no Congresso Mundial da CMI em Agosto/2008, eu disse o seguinte:
A situação no Irã é muito semelhante à da Rússia antes de 1905. Uma vez que as massas iranianas comecem a se mover, tenham cuidado! A revolução pode tomar diferentes caminhos, porém de uma coisa podemos estar seguros: não será uma insurreição fundamentalista! Depois de 28 anos de mulás no poder, eles estão totalmente desacreditados entre as massas e a juventude. A maioria da população é jovem e fresca, estarão abertas às idéias revolucionárias e ao marxismo. A revolução iraniana mudará toda a situação no Oriente Médio, mostrando que o genuíno anti-imperialismo não necessita ser fundamentalista. Terá um impacto em toda a região!”
Sobre as tarefas urgentes do movimento revolucionário escrevi naquela ocasião:
Sobretudo, é necessário elaborar um programa concreto para vincular a luta pelos direitos democráticos às demandas programáticas para resolver os problemas mais gritantes da classe operária, do campesinato, dos desempregados, das mulheres e da juventude. Este programa necessariamente implicará uma ruptura radical com o capitalismo e colocará na ordem do dia a luta pelo poder operário e um movimento em direção ao socialismo no Irã. A condição prévia para o êxito desta luta é a participação ativa da classe operária, particularmente do setor decisivo dos trabalhadores petroleiros. Uma vez que a classe operária do Irã tenha o poder em suas mãos, podem começar um movimento que se estenda como uma bola de fogo por toda a região. Teria um efeito maior que a revolução Russa de 1917, especialmente se for dirigido por um partido marxista revolucionário consciente. A criação deste partido é a tarefa mais urgente para a vanguarda dos trabalhadores e estudantes iranianos. Armados com as idéias, programa e estratégia corretas, a classe operária iraniana será invencível”.
Fazemos um chamado a todos os trabalhadores do mundo para que ajudem a nossos irmãos e irmãs iranianos.
Viva a revolução iraniana!
Não à repressão e à tirania!
Trabalhadores do mundo: uni-vos!
Londres, 16 de Junho de 2009.