Categoria reivindica reajustes salariais e condições materiais concretas para a realização de seu trabalho.

Diversas mobilizações de servidores públicos sacodem o país. O Estado precisa cortar gastos, já que bilhões foram dados para a iniciativa privada sobreviver no meio da crise econômica. Esses cortes significam menos dinheiro público para a saúde, educação, cultura, moradia, menos dinheiro para atender as necessidades do povo.

Os trabalhadores do setor público têm enfrentado duras batalhas para arrancar reajustes salariais. Entre os professores, mobilizações em todo o país têm sido feitas. Publicamos aqui dois artigos, um que trata da paralisação de 16 de março em Pernambuco, escrito pelo camarada Josenildo, o segundo artigo é um balanço da greve dos professores da rede estadual de SP, escrito pelo camarada Alex.


EDUCAÇÃO BÁSICA PÚBLICA PAROU EM PERNAMBUCO

Superando o corporativismo das entidades sindicais que representa os profissionais do magistério em Pernambuco, a partir de uma proposta apresentada pela direção do SINDUPROM/PE, no entendimento que a nossa luta é nacional para assegurar na íntegra o cumprimento da Lei nº 11.738/08, que criou o Piso Salarial Profissional Nacional (PSPN), em reunião do Setorial da Educação da CUT/PE, foi tirada a proposta de paralisação de todos os profissionais da educação no estado e em todos os municípios, no dia 16/03/2010, com uma concentração em frente à Câmara Municipal de Recife. Incorporaram-se à concentração os trabalhadores em educação ligados ao SINTEPE, da rede estadual.

Sob a coordenação geral sob a responsabilidade da CUT/PE, a partir da chegada das caravanas dos professores de todo o estado, representando a base do SINTEPE (professores do estado), SINDUPROM/PE (representando professores de 43 municípios), SINPROJA (Professores de Jaboatão dos Guararapes), SINPC (Professores do Cabo), SINPMOL (professores de Olinda) e SINPREMO (professores de Moreno), SIMPERE (professores do Recife), além de sindicatos de servidores municipais, todos seguiram em marcha pelo centro do Recife/PE com o objetivo de arrancar uma reunião com os representantes do Governo do Estado, UNDIME e AMUPE (Associação Municipalista), para repassar as reivindicações da categoria e o descontentamento com a falta de implantação da Lei do Piso e da Carreira do Magistério.

Com as direções sindicais adaptadas as políticas de destruição da educação pública e dos direitos dos profissionais do magistério, o SINDUPROM/PE cobrou da CUT e da CNTE a responsabilidade inadiável na defesa da GREVE GERAL NACIONAL DOS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO BÁSICA PÚBLICA como única saída para a categoria, a fim de assegurar o cumprimento na íntegra da Lei do Piso.

Toda a grande Recife parou no dia16 de Março passado! Mostramos força e capacidade de Luta. Ao chegarmos ao Palácio do Campo das Princesas, nos agrupamos e lá não estavam nem o governador, nem a UNDIME e muito menos a AMUPE para nos receber. Na verdade não houve empenho por parte da maioria das direções da CUT e da CNTE em amarrar esta audiência, como também não houve empenho em elaborar um panfleto único para ser distribuído aos recifenses, nem mesmo se construiu uma agenda ou pauta comum de reivindicações a ser entregue ao governo.

Claro que as direções demonstram, mais uma vez, que estão adaptadas ao governo Lula e que precisam de um “sacolejo” para cumprirem com suas responsabilidades históricas. Paramos a rede estadual de ensino, toda a Região Metropolitana do Recife e quase os 170 municípios pernambucanos restantes, prova inconteste da vontade e combatividade da categoria.

O movimento sindical, a partir da CNTE e dos sindicatos dos trabalhadores em educação, não podem se render a política dos aparatos, nem tão pouco, servir de correia de transmissão dos governos ou de qualquer partido no cumprimento de suas responsabilidades como organizações de luta, como defensores intransigentes dos direitos e das conquistas da categoria. A direção da CNTE não pode furtar-se à sua responsabilidade como representante de mais de setenta sindicatos de educação, com mais de dois milhões de trabalhadores na base. É chegada a hora de se discutir em todas as instancias para construir a GREVE GERAL NACIONAL DOS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO BÁSICA PÚBLICA para impor o cumprimento da íntegra da lei do Piso e assegurar uma Carreira que realmente valorize todos os profissionais do magistério Público.

PELO CUMPRIMENTO NA ÍNTEGRA DA LEI DO PISO A CNTE DEVE PARAR O BRASIL!


UM BALANÇO DA GREVE DOS PROFESSORES DE SP


Os professores do Estado de São Paulo decidiram em assembleia, no dia 8 de abril, suspender a greve que completava um mês, massivas mobilizações tomaram as ruas da cidade de SP nesse período e, nas escolas, uma significativa adesão da categoria à paralisação.


Essa greve, que não arrancou nenhuma das reivindicações pautadas, desmascara o caráter autoritário e intransigente do governo do PSDB. Seja pelas mãos de José Serra, que se licenciou em 31/03 do cargo de governador para concorrer nas eleições presidenciais, seja pelas mãos de seu vice, Alberto Goldman. Ambos muito bem acompanhados pelo Secretário da Educação, ou inimigo da educação, Paulo Renato Souza.


Nas últimas mobilizações a categoria pôde sentir toda a truculência da burguesia quando os trabalhadores se colocam em movimento, forte repressão às manifestações, pressões administrativas para finalizar a greve e a ação conjunta com a imprensa para caluniar os professores.


Na batalha que ocorreu nas imediações do palácio do governo em 26 de março, quando a tropa de choque utilizou contra os professores bombas, gás e balas de borracha, foi flagrada a infiltração de policiais a paisana entre os manifestantes. Uma foto do jornal O Estado de SP noticiava em um dia que um manifestante estaria socorrendo uma policial ferida, no outro dia o jornal explicava que, na verdade, aquele que carregava a policial era outro policial disfarçado de professor, com barba e mochila nas costas.


A Apeoesp (sindicato da categoria) deveria ter organizado desde o início um fundo de greve, pois após um mês de paralisação, o desconto que os professores teriam no salário foi um forte fator de pressão para o retorno à sala de aula. Na assembleia que decidiu a suspensão da greve, o grau de adesão já estava bastante baixo. A greve é um importante instrumento de pressão, mas se não existe uma sustentação desde a base torna-se infrutífera. O ideal seria a continuidade da paralisação até a conquista das reivindicações, mas devemos sempre estar atentos à realidade concreta e avaliar as melhores táticas a partir disso. A greve tornou-se insustentável, mas é bom lembrar que a falta de habilidade e firmeza da direção do sindicato foram peças fundamentais para que os professores não conseguissem manter a mobilização até a conquista de vitórias.


Muitas lições podem ser tiradas dessa greve: o papel da imprensa a serviço da burguesia, a violência da polícia contra os trabalhadores que se movimentam, a intransigência de um governo burguês, a importância de uma direção sindical que não vacile. As lições dessa luta certamente ficarão gravadas na memória dos que se envolveram, serão ensinamentos essenciais para as futuras vitórias dos professores. Nova assembleia foi marcada para o dia 7 de maio.


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